A corrida dos brasilienses às casas lotéricas cresceu ontem, depois da notícia de que o prêmio da Mega-Sena da Virada, inicialmente previsto parar R$ 170 milhões, pode passar de R$ 200 milhões. Se isso acontecer, será a maior quantia paga pela Caixa Econômica Federal até hoje. No último balanço divulgado, as apostas já totalizavam R$ 327 milhões, com 49.876.760 bilhetes vendidos. A bolada é um acumulado de 5% de cada concurso de 2011 mais uma parte do valor da arrecadação. Vale lembrar que o valor não acumula dessa vez. Se nenhum apostador acertar as seis dezenas, ganha o que marcar a quina e, sem quina, a quadra. Se o vencedor decidir investir tudo na poupança, a mais conservadora aplicação do país, terá um rendimento, por mês, de mais de R$ 1,1 milhão.
O sorteio, às 20h do último dia de 2011, promete prender a atenção de milhares de brasileiros. Quem ainda não arriscou as dezenas na lotérica mais próxima tem até as 14h de amanhã. Diversas estatísticas contam a favor dos brasilienses. Por 20 vezes, o prêmio mais cobiçado das loterias da Caixa Econômica Federal saiu para um morador do DF. Também é de Brasília um felizardo que levou a bolada da primeira Mega da Virada, de R$ 140 milhões, em 2009, com uma aposta feita na lotérica Serra Pelada, na Rodoviária do Plano Piloto. Ele dividiu o prêmio com um paulista. Além disso, o DF está em sexto lugar entre capitais e unidades da federação que mais tiveram sorteados.
O último ganhador da Mega-Sena tradicional colocou no bolso R$ 7 milhões. Em 29 de outubro, um apostador que fez um jogo na Lotérica Super Chance, na 313 Norte, ganhou os quase R$ 3 milhões acumulados. O cartaz anunciando o mais recente milionário do DF fez o movimento da loja aumentar nos últimos dois meses. Quem levar a bolada, sozinho ou acompanhado, poderá buscar o prêmio a partir das 11h de segunda-feira em qualquer agência da Caixa Econômica Federal. Para isso, deverá levar o bilhete premiado, a Carteira de Identidade, o CPF e um comprovante de residência. O montante será transferido para uma conta-corrente e depois poderá ser sacado normalmente.
Os planos
Com o dinheiro, é possível comprar 8 mil carros populares e 200 apartamentos de luxo (veja arte). O sonho de se tornar milionário tem lotado as lotéricas de todo o país. Pobres e ricos, diaristas e empresários, pedreiros e servidores públicos, todos encaram as longas filas para uma “fezinha”. Há aqueles que já têm planos traçados se ganharem, como o fotógrafo Luiz Albério, 33 anos, morador de Sobradinho. Ele participou de oito bolões e fez mais dois jogos. O destino do dinheiro: investir na filha, de 5 anos; e em equipamento fotográfico, que ele considera “uma grande paixão”. O que sobrar, diz, será aplicado em imóveis. “A gente pensa na família também. Vou ajudar quem precisar, claro. Mas tenho destino certo para o meu dinheiro.”
Já o auxiliar de serviços gerais José Hernando, 38 anos, morador da Cidade Ocidental, pensa em mudar de casa com a família. O resto, diz, vai decidir depois. “É muito dinheiro. O que sei é que vou mudar de vida. Eu e a minha família. Mas de planejado mesmo, só tenho mudar para um lugar melhor com minha mulher e meus filhos.” A também auxiliar Benedita pereira de Sousa, 36, moradora de Arniqueiras, sonha conhecer o mundo. A primeira aplicação do dinheiro, caso ganhe, será viajar. “Comprarei casas para mim e para os meus irmãos. Vou investir na educação do meu filho e, com certeza, vou viajar para outros estados e outros países. Depois, vou curtir o que sobrou”, calcula.
Ajuda ao próximo
A doméstica Luzia Viana, 56 anos, pensa em fugir da cidade com o prêmio. Ela mora na casa dos patrões, no Lago Norte, e, caso acerte as dezenas, comprará uma fazenda em São Gabriel (GO). Parte do dinheiro está reservada a amigos. “Tem cinco pessoas que, definitivamente, vou ajudar. Não são parentes, são amigos necessitados e que já me ajudaram muito também. Então, darei uma casa para cada. Temos que pensar nos outros antes de nós. Minha fazenda, vou encher de animais, porque também amo bichos. Quero viver na simplicidade”, diz.
O soldador Antônio Assunção, 60 anos, morador de Santa Maria, pensa em investir o dinheiro, caso seja ganhador, em uma casa para idosos. Ele quer montar a própria instituição. Fora isso, diz que ajudará os filhos e viajará mais vezes para o Maranhão, seu estado natal. Para se sentir mais fortalecido pela sorte, ele fez seis jogos, o mesmo número de dezenas a serem sorteadas. “Montar um lar para idosos é o meu grande sonho. Sempre gostei de ajudar os mais necessitados. Mas não penso em me mudar. Amo Santa Maria e continuarei levando minha vida normalmente”, garante.
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